A sonata de Kreutzer.


De olhos fechados, ainda pelo primeiro andamento de uma sonata que se faz ao ritmo hipnotizante de um comboio envenenado por um indomável e cego ciúme.

O amor, o que é?
Não há quem não queira saber, e não falta quem se atreva desenhar-lhe os contornos – discussão que acende paixões e acorda a parte mais hedionda deste humano e irreflectido pensar.

As paragens fazem-se em estações de uma inconfessável confissão, diálogo feito monólogo de um vazar de alma que mais não faz se não procurar redenção.

Arrependimento falsamente premeditado ou verdadeiramente sentido?

Que a leitura continue, sabendo de antemão que se vai tentar matar o amor, esse que jaz sob as mais variadas formas, padecendo de um síndrome Dorian Gray, reflectindo o que de melhor e de pior transfigura um ser humano.

A prova de que tudo é efémero, exceptuando o ciúme? Ou será o amor?
A esperança vai para este último.


«But that happens only in novels. In life, never. In life this preference for one to the exclusion of all others lasts in rare cases several years, oftener several months, or even weeks, days, hours (...)»


* Lev Tolstói.
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