Os dias correm sempre a uma velocidade contrária ao querer. Como se querer demais gostasse de fazer pirraça e ostentar o seu poder de forma ignóbil.
As semanas levam o seu tempo, molengas, arrastando-se um dia atrás do outro, prestando vénia à segunda-feira.
Já os dias, esses voam, como se não se quisessem perpetuar para dar lugar a outro. Outro que se espera sempre que venha, que chegue, que, por sua vez, traga outro atrás de si.
E é nesta dança das cadeiras que vamos respirando, querendo, vivendo. Sempre como tem de ser, sempre connosco.
A saudade acompanha os dias ao longe, mas sempre vigilante. Anda na estrada secundária, discreta, traçando uma espécie de destino paralelo daquilo que foi; daquilo que podia ter sido.
O desafio maior é conseguir continuar, porque não há outra opção, e, de quando em vez, conseguir abrandar e olhá-la nos olhos em jeito de desafio, como quem diz “eu sei que estás aí, mesmo que finja não te ver”. E no meio disto tudo, não ter medo. Porque ela também não tem.
Tenho a saudade em mim, mas ela só me tem se eu quiser.
* Gicas @ a road to Montemor.