Who am I kidding?*


Cansada, com sono e embirrenta, decreto a minha própria greve.

Não quero nada em troca, é-me suficiente o alívio de exprimir o descontentamento que me tenta corromper.
Hoje não vou pensar em ti. Nem sequer me permitirei aqueles instantâneos de memória perpetrados ao abrigo de uma discreta e suave penumbra. Não há serviços mínimos - e eu que não gosto de extremismos!
Aderir a uma coisa para me desligar de outra. Talvez resulte.
Greve, dito em tom grave, depois de ponderada a seriedade da situação. Desilusão, talvez a pior das dores que me poderias infligir.
Hoje não penso em ti. Não deve ser difícil, agora que constato que não sei sequer quem tu és. Talvez nem tu o saibas, tanto é aquilo que mentes.

É isto. E não há nada que possas fazer. E antes que tenhas alguma ideia peregrina, deixa-me dizer-te que é proibido o lock-outHoje quem fica de fora és tu.



* «The girl. That's how we get them to sleep with us», Ally McBeal.
** Museu Colecção Berardo.
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