In love we trust.


Já lá vão vinte e quatro anos. Vinte e quatro anos, três filhos, e muitos quilómetros depois, que, afinal, o amor também se pode medir em números.
A cidade era Luanda, mas podia ser outra qualquer.
A história, para quem a queira ouvir, é simples, e ela conta-a de maneira leve e descomplicada, com um brilhozinho orgulhoso nos olhos e um sorriso que lhe dança harmonioso na boca.
Cresceram lado a lado, ainda que não se tenham feito notar – ela de Carcavelos, ele de Oeiras. Um oceano depois encontram-se em Luanda. Ela, jovem professora, com ingenuidade ainda a roçar a ponta dos dedos e vontade de mudar o mundo. Ele, engenheiro, cheio de tenacidade e ambição e com vontade dela.
Quinze dias depois, afoito, pede-a em casamento. Ela, de coração destemido diz que sim, sem sequer hesitar.
Quinze dias. Trezentas e sessenta horas. Vinte e um mil e seiscentos minutos. Um milhão, duzentos e noventa e seis mil segundos. Foi quanto bastou para se apaixonar. Foi o suficiente para arriscar. Sem medos, sem complicações, que do outro lado do mundo o tempo é demasiado valioso para se gastar sem sentido. E ela fazia-lhe todo o sentido.
No Banco apresenta-a como futura mulher, dá ordens para que também ela possa movimentar a conta. E a ela, trapalhão, sem jeito como qualquer apaixonado, diz-lhe que não tem muito tempo, «vai tu escolher o anel». E ela foi. O mesmo que traz hoje no dedo, mas não ostenta, que o brilho maior vem-lhe do amor, desse amor que a desafiou em 15 dias e que a acompanha há uma vida.


* Obrigada Tia Teresa, por me ter encantado com a sua história. Deliciosa.


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