Remendos.


Primeiro impacto.
Depois da violência com que se abre, persiste a dor, a tentar fechar. Minimizar os estragos. Um remendo, que isto faz-se o que se pode. O sangue jorra, a rodos, para morrer e secar ao primeiro contacto com o ar. Há coisas que têm de ficar cá dentro.
Dormência.
Não digas que não avisei. Agora dói, arde, dói. Uma merda.
Dia de tirar pontos.
Está com bom aspecto, diz o médico giro. Sorris, só porque sim.
Ele não sabe, não sabe que a cicatriz maior está por dentro, ainda a sarar. E que as perspectivas de melhorar são mais pequenas do que aqueles pontos que agora saíram.
Um dia chegará em que não terás nada que não uma vaga memória.
É sempre assim, ganham-nos aos pontos. E aos poucos. Mas muito.
Fica a cicatriz do remendo possível. Aquele que cura a dor do impossível.

Raios partam.

 
 
* Constanza.
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