Le concert.

Um Concerto para violino e orquestra, poesia escrita por Tchaikovsky e declamada de forma sublime na ponta dos dedos de quem se aventurar, que o talento não se escolhe, é inato e aperfeiçoa-se.

Na tela amplia-se o facto de tudo na vida girar em torno de uma paixão – in casu, a música.

Aqui, a paixão como ela é, obsessiva e inconsequente, escondida pela capa doce do sucesso – entendido como achievement.
Que é preciso coragem, e persistência – oh persistência!
É preciso insistir com a alma, e desrespeitar a vontade – tudo isto ao limite, que a ideia do fracasso hipnotiza e o medo de falhar destrói.

Tudo por um fim último, a aquisição do objecto de desejo.

E, mesmo no meio da intempérie, parece sempre valer a pena – ou não fosse a paixão irracionalmente saudável; fulfilling.

A verdade, parece, é que há poucas paixões como a vida. E na verdade, e em bom rigor, nada há que alguém faça que, em última análise, vise outra coisa que não viver.

E agrilhoar a liberdade de forma ilegítima e tirana só faz o desejo crescer desmesuradamente e de forma inversa ao racional.

Sentir o descontrole da paixão é, de forma algo irónica, readquirir o controle da própria vida.

 
 
* Parabéns Inês. Para ti, porque adorei este filme e porque a música também é uma tua paixão.
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