E de repente posso jurar que consigo ver o ar, cada partícula que o preenche. Este espaço amplo e imenso à minha volta.
Vazio tão cheio.
Respiro conscientemente. Agradecida.
A minha angústia e claustrofobia estão (finalmente) a vir ao de cima, dentro de pequenas cápsulas recheadas de medo mas cobertas de esperança e saudade.
Trinta e três é hoje a conta que Deus fez.
Penso nos vários graus de dor, nas diferentes formas em que se exibe o sofrimento.
Mais tarde ou mais cedo parece que todos temos de revirar as entranhas para começar de novo. Ainda que nunca seja do zero.
E os meus pesadelos, que, ainda assim, são muitos, permitem-me contudo dormir em modo cor-de-rosa, com ar puro nos pulmões, e o mundo a um abrir de olhos, fora de mim, e eu, fora do mundo.
A única claustrofobia que carrego vem de dentro, de mim, e essa consigo resgatar a qualquer momento.
Respiro. Conscientemente. E agradecida.
Hoje a terra regurgita. E não há nada que me faça mais feliz
Obrigada mundo.