Tenho uma péssima memória.
E, infelizmente, a parte boa que sobra parece ser estupidamente selectiva.
Não me lembro de ser pequena, do tamanho de morar em países árabes.
Não me lembro de ficar amuada com os meus pais quando iam viajar e me deixavam em casa dos meus Avós.
Não me lembro de andar ao colo de um Tio Luís babado, nem de receber o cavalo de baloiço que me deu num Natal, teria 2 ou 3 anos.
Não me lembro de usar o chapéu com a fitinha cor-de-rosa, nem tão pouco de cair pela primeira vez.
Não me lembro de ter ficado debaixo do baloiço do colégio, muito menos de querer mandar a minha irmã para o «caixolito».
Não me lembro da gravata da farda, nem do primeiro dia de aulas com a Dona Mimi..
Não me lembro de chorar todas as noites quando foram para Londres matar um cancro antes que ele nos matasse a nós.
Não me lembro da primeira palavra que disse, nem do cão com rodinhas que levava para todo o lado.
São coisas que me contam, que vejo em fotografias e, de longe, consigo sentir minhas, com carinho e saudade – algumas, tristeza.
Aqui chegada, e no meio de toda esta vida, há uma outra coisa que ninguém me conta, e de que não me consigo lembrar, que é da minha vida sem ti.
Como te disse, tenho uma péssima memória, e, infelizmente, a parte boa que sobra parece ser estupidamente selectiva.
E isso, é uma merda.
* Mommy & me.
