Há qualquer coisa de angustiante no monótono bater dos segundos.
Um atrás do outro, em estilo fuzilamento. Como um lembrar constante de que o filme vai chegar ao fim a qualquer momento.
Menos um segundo que se dá a respirar.
Vá, despacha-te, o tempo está a contar. Depressa, queremos andar.
E nesse atropelar do pensar, a racionalidade magoa-se e o medo ri-se sozinho.
Continua a bater.
Sempre igual, sem história, sem cor ou sabor. Mas, no entanto, nunca igual, sempre com tanto para contar, pintado de todas as cores, e recheado de tantos sabores distintos. Preso no seu ressoar.
Aqui jaz o meu eu, que quer contar cada segundo como se o pudesse agarrar e prender numa gaiola de esperança forrada com tempo para tudo.