Chegam precipitados,
sem aviso, oscilando perigosamente sobre o espírito que tentamos carregar
equilibrado, oscilando as costas, instáveis, não fosse a
turbulência tão intensa.
O vento lá fora uiva
caótico e furioso e o instinto resguarda-nos por dentro, para que a tempestade
não nos arraste o espírito.
O que nos cimenta são os nossos, as memórias, a
integridade e os ideais. Quem somos e como escolhemos ser estrutura-nos de
forma a que nos seja possível não entrar em colapso ou deformar excessivamente. Vergar, mas não quebrar.
Os danos sofridos são tanto menores quanto mais sólida a nossa estrutura, pelo
que nos vamos redimensionando e reforçando para conseguir aguentar as
investidas.
Não raro, sobrevivemos.
Quando restam
janelas ou portas para abrir, olhamos para fora e o mundo que vemos está de
pernas para o ar. O que nos salta aos olhos é sempre a destruição, o rasto de dor
que ainda vibra à passagem de cada tornado, por pequeno que seja.
Um dia talvez
consigamos compreender que a cada pequeno tornado nos fortificamos. Que os
destroços maiores ficam cá dentro mas que, ainda assim, somos capazes de nos
reconstruir de novo, que o coração é a única máquina que mesmo partida, continua a funcionar.
* Barcelona.