E de novo o dia chega ao fim.
As horas parecem ser as
mesmas, mas o dia, mais curto.
Antes de ti dava por mim obssessiva a contar segundos pelos dedos das mãos, de forma rápida, numa corrida contra o eco que faziam ao cair de forma aguda nestas tábuas de madeira que agora rangem
sob os teus pés.
Agora não os consigo apanhar, desaparecem de forma voraz,
sugados por essa tua luminosa presença que tanto almejo e que me sabe sempre a
pouco.
Talvez as horas sejam efectivamente as
mesmas, não sei, mas só assim cheias me parecem valer a pena. Só assim consigo descansar os dedos já gastos e limpar a cabeça do redomoinho de números que me atormentava o silêncio.
Sim, concedo que as horas sejam as mesmas. Na verdade, sei que o que mudou foste tu e que é por isso que só lhes encontro os
segundos naqueles momentos em que não estás. Nesses, ganham de novo o peso daquele tempo que vemos passar sem perceber porquê.
* Linha do Douro.