A inquietude reserva-nos, ainda que não nos resguarde.
Lidar com inquietude é fardo pesado, que não raro nos causa embaraço. E quem pode não se tomar por inquieto quando se faz capitão de navio sem rumo certo? Os olhos que se fecham na expectativa de um amanhã que pode não chegar fecham-se mais pesados, com menos esperança. Planos feitos sobre um caminho de nuvens que a qualquer momento se podem desvanecer. Um barco à deriva, ao sabor das marés e dos ventos.
Contudo, não posso se não pensar que talvez seja exactamente esta espécie de anátema que nos acompanha os dias que não nos deixa toldar o raciocínio com lamechices de vão de escada e nos permite, em consciência, traçar um rumo ao navio que nos leva para a frente; para onde queremos chegar. Ainda que não cheguemos. Ainda que cheguemos cheios de mazelas, daquelas da alma, que nem a água pode lavar.
Make it happen. Or die trying.
* Sophia de Mello Breyner Andresen.
** Rita.