Não é real.



Turbilhão de emoções.

Tudo escuro, mas tão claro. Ali mesmo à minha frente. Ela, com o sorriso de sempre. Genuíno que dói. Talvez custe pensar que nem sempre consigo ser igual. Que não há nada igual. Nem que o sangue seja o mesmo. Ou fosse, é tudo uma questão de perspectiva.

A rir, sempre a rir. Por vezes acho que é a fazer troça. Mas logo me martirizo por imaginar sequer tal coisa. A flutuar, diria. E depois o caos, sempre o caos. Aranhas, muitas, e eu que as odeio. Um pavor. Uma, enorme, preta como o escuro. Talvez mais, que o medo tem destas coisas. Risos maquiavélicos à mistura. A cair sem saber para onde. Não posso, não quero, não consigo.

E de repente acordo. Sento-me rápido demais. Tonta. Os olhos cheios de lágrimas e um grito que não consegue sair da garganta. Não consigo respirar. Sacudo-me, em pânico. Agarrada aos joelhos permito-me chorar a sério, baixinho.
Não é real, não é real, não é real – digo mais que muitas vezes, para me convencer.
Quase queria que fosse, apesar das aranhas. Esse terror. Tudo para te ter de volta.
Mas não é real. E eu já não consigo dormir.

Começo a achar que tenho medo dessa luz que vem com o escuro.


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