Guerra fria.

Vais acumulando energia, a que tens e a que divido contigo, e no meio de tudo, deixas sempre tanto por dizer. Calas aquelas palavras que te querem sair da boca como torpedos. Melhor assim, decretámos a paz. Estóico, aguentas firme, sem sinais de vacilar. E eu vou gerindo como posso, fraca estratégia, mas com jeito, como se te pudesse arrefecer, como se quisesse. Pendurados assim, na linha fina que nos separa do abismo, em tensão constante, que o perigo de fuga radioactiva está iminente. E nós inconscientes, como aquela velhinha do 4.º andar que passa a rua sem olhar, sem saber das consequências, a acreditar que tudo vai acabar bem. Porque devia. Ainda que eu saiba que há um dia em que não vais aguentar mais. E aí sou eu quem vai explodir.
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