Estórias com história.

Histórias de vida nem sempre piedosas contadas em jeito curto e resumido, no meio do trânsito, paradas a descer e a subir a rua da – irónico – misericórdia.

Histórias inventadas em 2 segundos pela minha melhor amiga, sentada no banco de trás, mas a pensar já muito à frente.

Relatos fluentes mas imaginados de um quotidiano aleatório de pessoas que noz cruzaram os olhos.

Aquele senhor mais velho, sentado na paragem de autocarro à uma da manhã, veio a Lisboa ver a filha, doente num hospital, e agora aguarda a boleia que o levará a casa, já cansado – que o genro estava fora, e não o pôde levar.
No meio de indignações tristes, acorre que uma boa notícia lhe será entregue na manhã seguinte – a filha vai ter alta.

O senhor que sobe a rua do alecrim nasceu em Lisboa, mas o Pai era indiano, daí o seu apelido, aquele de que não gosta.
Não fosse o filho que, orgulhoso, ostenta a tradição em sacos de vida.

O enfermeiro que passeia com a namorada que trabalha na segurança social.
3 meses de namoro.

E no fim o rapaz, com os amigos, a dizer-nos olá.
Só até se envergonhar.

Histórias de vida, de outras vidas, tão diferentes da nossa mas, ainda assim, em tudo igual. Pessoas extraordinárias a tentar viver uma vida que se quer tão só comum – uma casa com um telhado encarnado, um jardim com, pelo menos, uma árvore, um sol redondo, amarelo e mal pintado, e um pai uma mãe e alguns filhos; i.e., a tentar ser feliz.

 
 
* Gicas.
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