Aide-mémoire.

Afinal era Dezembro, não admira que ninguém pudesse ir.

As festas, sempre preparadas para muitos, acabavam por albergar 2 ou 3 - sem contar com os primos (sempre os primos, bem haja!).

A desilusão acabava por se dissolver no meio de jogos e gelatinas partilhadas entre risos e risotas.

As roupas, que se vestiam com aprumo, eram sempre das "melhores", que na altura ainda havia disso.
Vestidos com golinha e sapatos de feijão - ou de carneira.

Os brinquedos eram embrulhados em papel, de verdade, azul com bonecos, da loja de brinquedos das arcadas - ao lado da Europa-América.
O cheiro ainda persiste, teimoso, em nostálgicas narinas.

A toalha era branca, renda da bisavó.

O burro, colado na janela, pedia uma cauda a quem, de olhos vendados com um lenço de cornucópias a conseguisse pôr mais certeira.

Ao lado da entrada o ex libris, a estante que se puxava e escondia a escada para o sótão. Como num livro dos Cinco, das Gémeas ou do Colégio das quatro torres.
Entusiasmante era a palavra de ordem.

As amigas, sempre as mesmas, fiéis a uma data tão próxima do limite.

Afinal era Dezembro, não admira que me lembre.

 
* Inês.
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