É sempre assim.
Apareces sem que alguém consiga perceber porquê, como ou quando.
Tens essa mania de todos apanhar desprevenidos, em letárgico repouso absoluto, para que ninguém possa sequer ter a percepção de que algo os atingiu – julgas-te caridoso mas não passas de um cobarde.
E, de repente, tudo o que se tinha como certezas passa a valer como dúvidas.
Todas as seguranças se convertem em ansiedades.
Todos os desânimos se rasgam em sorrisos (patetas!).
E o que era claro escurece e esmorece em contados milésimos de segundo.
Passas a ser o centro de tudo.
Passas a dominar o meu globo ocular que mesmo fechado teima em passar em contínuo repeat a imensidão do teu sorriso.
E então, com a tua voz grave e exagerada e irritantemente segura de si dizes em voz out – «Olá, o meu nome é paixão».
És a única coisa que agora consigo focar. Tudo o resto perdeu a definição.
* Inês.
** Edição: Paulo Silva.