A sonâmbula realidade.


Acordei desnorteada, com o coração a calar-me a boca, os cantos dos olhos molhados de pavor, e dificuldade em distinguir a realidade do medo.

Sentei-me de imediato, num emaranhado de memórias que me encheu de frio.

Sozinha ouvi-me respirar.

De olhos loucamente abertos na luz do escuro quase consegui ouvir a tua presença.

O teu abraço de sempre logo construiu uma muralha espacial, à prova de tudo menos de ti.

E com voz rouca de sono mas cheia de paciência disseste suavemente como sempre fazes, «já passou, foi só um pesadelo».

E eu convenço-me que é verdade, que tens razão.

Até que percebo que real é a tua ausência, e isso é o verdadeiro pesadelo.

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