Cry me a river.

Transitas em espaços abertos como parasitas a quem deram ordem de soltura.

Aqui e ali, protegidos apenas pelas máscaras da fingida indiferença, tentamos sobreviver.

Um olhar para o lado, um gesto mais frio…tentamos de tudo para que te esqueças de nós.

Em dias de insana lucidez, julgamo-nos tentados a suplicar-te atenção.

Mas nesses, és tu quem nos desdenha a existência.

Cruel, passas-nos ao lado, sem perder essa pose, rasgada em irónicos sorrisos.

E então, chega o dia em que cansados, desistimos de fugir, e em que tu, cheio de vitalidade, desistes de fingir.

Aí, revelas a tua verdadeira essência e identidade – és pura e simplesmente dor.

Sempre me disseram que o Amor era assim.

Deveria ter prestado atenção.

* Ella Fitzgerald.
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