Gosto de mim. Gosto de ti. Gosto dele e dela e daquele e daquela. Gosto de respirar, de cantar, saltar e aparvalhar. Gosto de anúncios, coincidências e prenúncios. Gosto que me perguntem se quero ir a algum sítio em especial, gosto de boa educação e cavalheirismo quase teatral. Gosto de ouvir música alto. Gosto de malas de viagem com rodinhas, necessaires e malas com tirinhas. Gosto de mãos, das minhas, das tuas, grandes e vincadas. Gosto de duches de água fria no verão. Gosto de colo. Gosto da tua mão no meu pescoço, arrepio, sem ser de frio. Gosto de sumo de maçã, com 4 pedras de gelo. Gosto de saídas não programadas, agora, na hora, nunca combinadas. Gosto de estar de pijama. Gosto de andar de baloiço. Gosto de abraços de que não estou à espera, agora um, quem dera. Gosto de cartas escritas à mão, com tinta ou carvão. Gosto de relógios adiantados. Gosto de água natural. Gosto de slides, nunca percebi porquê. Gosto de falar baixinho. Gosto de brigadeiros. Gosto de viajar, tantas e tantas horas a passear. Gosto de falar ao telefone. Gosto de respirar fundo, com calma, comigo, com o mundo. Gosto de sal. Gosto de ter a casa só para mim, especialmente quando o dia chega ao fim. Gosto de jazz, daquele que me serena a alma. Gosto de pestanas, compridas, a piscar ou suavemente adormecidas. Gosto de havaianas, a minha mãe bem me diz que me foge o pé para o chinelo. Gosto de comer framboesas, têm uma textura mais que especial. Gosto de fingir que sei cantar, mesmo que me passe a vida a enganar. Gosto de hotéis, dos que sabem a casa. Gosto de verde. Gosto de papel de parede. Gosto de elevadores com espelho, dos que não me reflectem a claustrofobia. Gosto de ler na diagonal, tudo menos o jornal. Gosto do meu nome, de o ouvir, é tão meu que mal o consigo sentir. Gosto de velcro. Gosto de acrílico. Gosto de adjectivos, aos molhos. Gosto de barba de dois dias, de três, até de quatro. Gosto de adormecer com a televisão ligada e de acordar a meio da noite ensonada. Gosto de bróculos, courgettes e feijão verde. Gosto de headphones grandes. Gosto de morangos com chantilly e bocados de ti. Gosto de gelados do santini, morango, coco, nata, framboesa e melão. Gosto de ir ao futebol, pintar a cara de verde, gritar golo a acenar com o cachecol – SPORTINGGGGGGGGGGG. Gosto de cabelos grisalhos, mas ainda não tenho nenhum. Gosto de amachucar papel de alumínio. Gosto que me segredem coisas ao ouvido. Gosto de conduzir depressa. Gosto do barulho no chão antes de passar a via verde. Gosto de saltos altos. Gosto de uma gota de mel nas torradas, apesar de não gostar de mel. Gosto de cor-de-rosa, tenho de me render às evidências. Gosto de sms’s, a toda a hora, constantemente, de escrever debaixo da mesa mesmo sem olhar. Gosto das palmas das minhas mãos, histórias que se calam nas palmas das tuas. Gosto de verbos. Gosto de ler devagar, e depressa. Gosto de chuva. Gosto de me sentar no balcão da cozinha. Gosto que me abram as portas. Gosto de make up. E make out. Gosto de lágrimas, são agridoce e limpam-me a alma. Gosto de preto. Gosto de olhos verdes, castanhos, pretos, cinzentos e azuis. Gosto de xadrez, mesmo que não me lembre de como se joga. Gosto de tirar fotografias, 5 click’s por segundo. Gosto do cheiro a novo dos carros, dos sacos, da roupa lavada. Gosto de casamentos de grandes amigos, os outros, face it, são uma seca. Gosto de ser mimada. Gosto que me quebrem tabus. Gosto de happy hours. Gosto de escolher, mesmo que haja indecisão, era bom ser só carregar num botão. Gosto de ténis, de todas as cores e feitios. Gosto do mar, do barulho, do cheiro, do efeito e do feitio. Gosto de maçãs verdes. Gosto de tudo em ordem. Gosto da descontracção das coisas desarrumadas. Gosto de cantar no carro, aos berros, como se não houvesse amanhã. Gosto de rir às gargalhadas. Gosto de andar descalça em cima do tapete. Gosto de espuma de banho, sopro-a em todos os sonhos que tenho. Gosto de rebentar papel ás bolinhas, que barulho deliciosamente irritante. Gosto de melão fresco, gelado. Gosto de cubos de gelo. Gosto de papel de acetato. Gosto de arco-íris. Gosto que me mexam no cabelo, se eu deixar. Gosto de post it’s, confesso-me viciada. Gosto de marcar números nos telefones antigos. Gosto de canetas, lápis e aguarelas. Gosto de folhas brancas, onde me posso perder. Gosto da dor do piano do Chopin e dos lamentos dos violinos de Mozart. Gosto de Lisboa, com toda a sua magia escondida em ruas e ruelas. Gosto de palhinhas. Gosto de ter árvores como vizinhas. Gosto da luz do fim de tarde, a minha favorita. Gosto de gostar de tanta coisa. Não é coisa que acabe.
Faz-me gostar de mais.
(To be continued)