Há relações que são contratos.
Não estou a falar dos casamentos. Nem sequer das famosas uniões de facto.
Ainda assim, repito, há relações que são verdadeiros contratos.
Quisera o tempo que assim fosse. E nós, com o raciocínio toldado e a vontade dormente, consentimos na lenta urgência dos dias que se tornaram meses, que se fizeram anos.
Vejo-te, ao meu lado, ainda que não do mesmo lado que eu.
Oiço-te, ao pé de mim, ainda que estejas tão longe quanto poderias estar.
Sinto-te, em mim, ainda que talvez não o saibas.
É esta urgência que me enfurece, quase tanto quanto me suaviza.
Mas isso acabou.
Li, algures, que «a vigência do contrato ilimitada no tempo seria contrária à liberdade económica das pessoas, que não se compadece com a criação de vínculos perpétuos ou de duração indefinida».
Os contratos como o nosso, sem prazo de duração, criam vínculos obrigacionais que só poderiam ser livremente denunciáveis.
Seria inadmissível uma sujeição ao predito acordo desprovida de limite no tempo – isto é, por assim dizer, «ad aeternum».
Não estou a falar dos casamentos. Nem sequer das famosas uniões de facto.
Ainda assim, repito, há relações que são verdadeiros contratos.
Quisera o tempo que assim fosse. E nós, com o raciocínio toldado e a vontade dormente, consentimos na lenta urgência dos dias que se tornaram meses, que se fizeram anos.
Vejo-te, ao meu lado, ainda que não do mesmo lado que eu.
Oiço-te, ao pé de mim, ainda que estejas tão longe quanto poderias estar.
Sinto-te, em mim, ainda que talvez não o saibas.
É esta urgência que me enfurece, quase tanto quanto me suaviza.
Mas isso acabou.
Li, algures, que «a vigência do contrato ilimitada no tempo seria contrária à liberdade económica das pessoas, que não se compadece com a criação de vínculos perpétuos ou de duração indefinida».
Os contratos como o nosso, sem prazo de duração, criam vínculos obrigacionais que só poderiam ser livremente denunciáveis.
Seria inadmissível uma sujeição ao predito acordo desprovida de limite no tempo – isto é, por assim dizer, «ad aeternum».
Louca seria, se ficasse à mercê da tua «real gana».
Assim sendo, serve, a presente, para proceder à denúncia deste contrato. Como julgo que saibas, a denúncia não tem efeitos retroactivos, limitando-se a extinguir o contrato para o futuro (ex tunc). Por isso, não venhas cá com pedidos de restituição de prestações entretanto realizadas. O que já me deste, não me tiras. E vice-versa.
E fica também desde já a saber, que tendo a declaração de denúncia chegado ao poder do beneficiário, tornou-se eficaz (faça o favor de cfr. o artigo 224.º, n.º 1 do Código Civil).
Com os meus melhores cumprimentos, e o meu mais sarcástico sorriso.
Sempre tua,
s.
Assim sendo, serve, a presente, para proceder à denúncia deste contrato. Como julgo que saibas, a denúncia não tem efeitos retroactivos, limitando-se a extinguir o contrato para o futuro (ex tunc). Por isso, não venhas cá com pedidos de restituição de prestações entretanto realizadas. O que já me deste, não me tiras. E vice-versa.
E fica também desde já a saber, que tendo a declaração de denúncia chegado ao poder do beneficiário, tornou-se eficaz (faça o favor de cfr. o artigo 224.º, n.º 1 do Código Civil).
Com os meus melhores cumprimentos, e o meu mais sarcástico sorriso.
Sempre tua,
s.
Soundtrack: Muse - Blackout.
Agradecimento especial: Ana banana.