Sobre a importância de respirar.

Day one.
Respirar.
Inspirar a visível transparência do ar e devolvê-la purificada para que outrem a faça sua.
Sem fôlego, constato que o oxigénio somos nós. Uns e outros que nos respiramos, por respirar, sem sequer pedir licença.
Largado suspiro ao vento, em forma de lamento anunciado desta minha diária missão.
Ao segundo, como uma máquina de precisão, inspiro-te com paixão e devolvo-te, desprovido de segredos, mas repleto de sofrimento. Que doce tormento.
Renovam-se as ideias e as vontades, dizem. Mas e nós?
Maldita ventoinha que não nos renova, simplesmente nos faz circular no mesmo espaço num hiato temporal mais ou menos prolongado, consoante a ânsia com que se respire.
Respiro. Partículas de ti, de mim, daquele. Partículas de mundo que se soltaram num tornado de poeira cósmica. Partículas deste tempo, e do outro.
Respirar.
Respiro com medo do dia em que deixar de errar. É nesse dia que a licença vai expirar.

Soundtrack: The killers - The world we live in
M2 de mundo: Linha do Estoril

1. Texto escrito para a edição de Fevereiro da revista Playbleu @ http://www.playbleu.com/

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